13/02/2008

o sindroma do sócio-gerente

Às vezes, também acontece. No banco dos réus, pessoas normais, de acordo com critérios de normalidade baseados no preconceito que temos contra quem mais se afasta de nós. Nada de desvalidos, minorias ou escorraçados do sistema mas, antes, um bonus pater familia, esposo e pai amantíssimo, aliança no dedo, camisola de marca, crime de desobediência. Os factos que descreve ao tribunal indiciam uma arbitrariedade policial do tempo da outra senhora. Mas a empatia que normalmente suscita quem se apresenta como vítima é rapidamente substituída pela descrença e o enfado, tal a incongruência da história. Ninguém gosta que lhe chamem de parvo e o interrogatório aperta. A prova compõe-se, com os relatos das testemunhas. Fica entretanto a saber-se que o arguido é sócio-gerente no ramo da construção civil e que o seu carro, o tal que estava mal estacionado, é um mercedes, eu faço o que quero, não me identifico coisa nenhuma. E é toda uma nova série de preconceitos que irrompe na consciência colectiva do tribunal. Está condenado.